Casa na Rua do Veludo

Rua do Veludo, Porto

2018-2023

Nuno Valentim (coord.)
c/ Rita Furtado e Nuno Cameira

colaboraram:

Nuno Borges, José Alexandre Tavares, Marta Góis Figueira

Estabilidade, Hidráulica – GEPECTROFA / Prof. Eng. Aníbal Costa
Inst. Eléctricas, ITED – Raul Serafim & Associados
Avac – GET
Higrotérmica e Acústica – Prof. Eng. Vasco Peixoto Freitas
Arranjos Exteriores – Prof. Paulo Farinha Marques

Empreiteiro Geral – Mantalpor II, LDA

O edifício, situado na Rua do Veludo, integra o núcleo urbano, histórico e classificado da Foz Velha, marcado por um tecido reticulado de ruas estreitas e de casas baixas com diversas qualidades construtivas e arquitectónicas. No terreno existiam construções devolutas em estado de degradação elevado – dois volumes de dois pisos e um conjunto de anexos – que terão servido, em tempos, para albergar várias famílias, confinadas a espaços exíguos.

 

O projecto envolveu a reabilitação dos dois volumes mais relevantes, compreendendo a sua pertinência no testemunho e na escala no arruamento. Procurou-se reestabelecer a sua dignidade por meio da consolidação estrutural, do reforço higrotérmico, da substituição das caixilharias de alumínio por caixilharia de guilhotina de madeira e das argamassas de cimento por argamassas de origem natural (cal e cortiça), entre outras operações de melhoramento. A ampliação do edifício, necessária à implementação do programa de habitação unifamiliar, foi realizada através da adição de um piso recuado e de uma semi-cave para estacionamento.

 

Os anexos espúrios, em ruína, foram naturalmente substituídos. No seu lugar, propõe-se um volume em betão aparente que, reinterpretando as construções preexistentes, se assume como novo anexo dos edifícios mais antigos. A casa articula e vive da tensão entre as naturezas distintas dos corpos originais e do volume novo.

 

Mantendo-se a mancha de implantação preexistente, o jardim murado permanece e é em torno dele que a casa se desenvolve e se debruça, funcionando simultaneamente como átrio de entrada e ponto de convergência dos espaços. As zonas sociais distribuem-se no rés do chão e, no piso superior, para além dos quartos, surgem espaços que funcionam como momentos de pausa no percurso e acolhem funções complementares, possibilitando um programa de casa aberta à música, à leitura e aos jogos.