A intervenção num conjunto como a Quinta do Bom Pastor, fruto de diferentes épocas e usos, obriga a uma avaliação de valores circunstanciada à natureza concreta de cada edifício pré-existente, ao potencial da sua interligação e ao inevitável usufruto da qualidade paisagística envolvente.
O programa para a sede da Conferência Episcopal Portuguesa é um programa de serviços extenso, diversificado e complexo. Este programa e o tipo de utilização exigiam uma grande carga infraestrutural, que importava introduzir preservando a integridade da pré-existência. Todas as soluções foram dimensionadas espaço a espaço, caso a caso, tendo em conta a função, número de utilizadores, orientação solar, fenestração, inércia térmica, carga térmica… – um princípio de conforto adaptativo ou reabilitação adaptativa que sempre temos presente como forma de minimizar a intrusividade das soluções.
Tratando-se de um conjunto que teve intervenções ao longo de vários séculos, importou primeiramente identificar quais os valores a preservar – elementos originais do edifício como cantarias e balaustradas em pedra e gradeamentos em ferro, mas também uma sucessão de intervenções decorativas – como os painéis de azulejos decorativos (interiores e exteriores), a fachada de azulejos relevados voltada para o jardim de buxo, os “embrechados” e os frescos no tecto do pavilhão/casa de fresco. De forma a manter a integridade dos elementos decorativos procurou-se uma reintegração recorrendo, o mais possível, a materiais idênticos aos existentes.
A intervenção nos espaços exteriores seguiu a mesma metodologia do edifício – diagnosticando valores e observando as premissas do Plano de Pormenor do Calhariz, foram requalificados muros e caminhos, mantendo sinais da sua matriz rural. Em novas plantações foi dada preponderância a espécies agrícolas e cobertura do solo com espécies herbáceas em detrimento de relva, e foram mantidas as áreas de cultivo existentes.